segunda-feira, 14 de junho de 2010

Madame Satã




João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 25 de fevereiro de 1900 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1976), mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, personagem emblemático da vida noturna e marginal do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX.

Criado numa família de dezessete irmãos, João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para Recife, onde viveu de bicos. Posteriormente, mudou-se para o Rio, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas. Mas há quem diga que foi cozinheiro de mão-cheia. Foram fatores de sua marginalização o fato de ser negro, pobre e homossexual.

Dotado de uma índole irônica e extrovertida, Santos logo pegou gosto pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille.

Era freqüentador assíduo do bairro da Lapa, (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou de agressão.

Nos anos 30, João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, tornou-se uma das figuras mais emblemáticas do Rio de Janeiro. Neste filme de Karim Ainouz, a vida do malandro, artista transformista, capoeirista, cozinheiro, presidiário e pai é recontada. João Francisco passou a maior parte da vida entre a boemia carioca e a prisão, especialmente nos arredores da Lapa. O filme se passa em 1932, quando o protagonista realiza seu grande sonho de se tornar um estrela dos palcos. É nesse processo de transformação e mitificação de Madame Satã (nome tirado do filme de Cecil B. De Mille, Madam Satan, de 1930) que a produção se concentra.


Prêmios

Ganhou cinco prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias de Melhor Ator (Lázaro Ramos), Melhor Atriz (Marcélia Cartaxo), Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Arte. - Recebeu 10 indicações nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Emiliano Queiroz e Flávio Bauraqui), Melhor Atriz Coadjuvante (Renata Sorrah), Melhor Roteiro Original, Melhor Trilha Sonora, Melhor Montagem, Melhor Fotografia e Melhor Som.


Biografia

É ilimitado o anedotário criminal de João Francisco dos Santos (1900-1976). Credita-se ao malandro homossexual, tornado famoso como Madame Satã, mais de 100 assassinatos e 3 mil brigas. Com talento para o marketing pessoal, ele ajudou a forjar seu mito, de gay muito macho, bom de briga e fera na navalha, ao narrar como batia em policiais violentos. Seus casos eram espetaculares. Em um dos confrontos, teria amarrado uma navalha em um barbante e, em segundos, levado ao chão seis homens fardados. Satã se orgulhava ainda de, em uma briga de bar, ter matado o sambista Geraldo Pereira, autor de 'Escurinho'. Tornou-se lenda ainda vivo.



FICHA TÉCNICA

Diretor: Karim Ainouz
Produção: Marc Beauchamps, Isabel Diegues, Vincent Maraval, Mauricio Andrade Ramos, Walter Salles.
Roteiro: Karim Ainouz
Fotografia: Walter Carvalho
Trilha Sonora: Sacha Amback, Marcos Suzano
Duração: 105 min.
Ano: 2002
País: Brasil/ França
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: VideoFilmes / Wild Bunch
Classificação: 16 anos

Elenco: Lázaro Ramos, Marcelia Cartaxo, Flavio Bauraqui, Felippe Marques, Emiliano Queiroz, Renata Sorrah.

Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha Grande, agora em ruínas. Freqüentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.

É considerado uma referência na cultura marginal urbana do século XX.

Faleceu logo após a sua última saída da prisão, morando em sua casa que hoje em dia é um camping.

No ano de 2002, foi rodado no Brasil um filme sobre sua vida, que leva o também o nome de Madame Satã, que recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Nesse filme, João Francisco dos Santos foi interpretado pelo ator Lázaro Ramos.

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